CITECS
 
 
 
 
 

Notícias

20/12 Estudo realizado com participação de pesquisadores do Citecs revela que vale a pena insistir na vacina BCG

Estudo realizado por pesquisadores do Instituto Nacional de Ciência, Inovação e Tecnologia em Saúde - Citecs, em parceria com outros especialistas nacionais e internacionais, revelou que as crianças que não receberam a BCG (Bacilo de Calmette-Guérin), vacina contra a tuberculose, nos primeiros meses de vida, devem ser vacinadas durante a idade escolar. A pesquisa teve como base a análise de dados de um estudo que vem acompanhando uma população infantil por nove anos.

O estudo, publicado em novembro na revista científica The Lancet Infectious Diseases, comparou os custos de tratamento dos casos de tuberculose com o investimento em vacinar as crianças e a proteção que estas ganharam contra a doença.

Segundo Maurício Barreto, um dos autores do estudo e coordenador do Citecs, evidências internacionais mostravam que a primeira dose deveria ser aplicada na infância, mas não existiam evidências claras da utilidade de uma primeira dose de BCG em uma idade mais avançada. “Demonstramos que esse conceito que não estava claro na literatura”, afirma Barreto. Ainda segundo o epidemiologista na África e na Ásia, muitas crianças podem se beneficiar com os resultados do trabalho já que lá nem todas tomam a vacina ao nascer.

Contra a tuberculose infantil o efeito protetor da BCG é sempre alto (acima de 90%), mas contra a tuberculose pulmonar, forma mais frequente em adolescentes e em adultos e com maior importância na transmissão da doença, a eficácia do BCG tem variado de 0% até 100%, com grande diferença entre países.

No Brasil, há evidências de que a eficácia é mediana. “Existem várias hipóteses para compreender essas diferenças, mas nenhuma foi comprovada”, afirma Barreto. Segundo ele, a mais aceita propõe que uma série de outras microbactérias que não causam doença possam interferir no processo de imunidade ou mascarar o efeito da BCG.

“Estudamos essa questão. Existem indícios de que à medida que se aproxima do equador o efeito da vacina é menor, por ser um ambiente mais quente e úmido, favorável às infecções pelas bactérias que interfeririam na imunidade”, esclarece Barreto.

Essas relações ambientais gerariam um efeito sobre a BCG, mas falta a comprovação. Para isso, o grupo de pesquisadores está comparando o efeito da vacina na saúde das pessoas em Salvador e em Manaus. “O esclarecimento do por que da variação de eficácia pode ajudar a desenvolver vacinas mais eficazes”, acredita o epidemiologista.

Segundo Barreto, praticamente todos os brasileiros recém-nascidos recebem a dose da vacina BCG contra a tuberculose. Ela faz parte do Calendário Básico de Vacinação da Criança e sua aplicação deve ser feita ao nascimento ou no primeiro mês de vida. Porém, na década de 1990, cerca de 15% das crianças chegavam à idade escolar sem a proteção contra a tuberculose no país.

Procurando verificar os efeitos da vacina BCG e da não-vacinação, a equipe de pesquisadores começou, então, a estudar um grupo de 300 mil crianças de Salvador e Manaus. “Nosso trabalho mudou a política de revacinação no Brasil, ela deixou de ser obrigatória”, conta Barreto.

 

Fonte: Agência Fapesp

Instituto de Saúde Coletiva / UFBA
Rua Basílio da Gama, s/n - Canela
Salvador, Bahia - Brasil
CEP 40110-140
  Dengue na Web Elsa Brasil Net Escola (71) 3283-7380